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O que são neurotransmissores e como eles impactam em sua vida
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Se já ouviu falar que “tudo está na sua cabeça”, saiba que, em parte, essa frase não está tão longe da verdade. Dentro do cérebro, existe uma rede de comunicação intensa e incessante acontecendo a cada segundo — e, por trás dela, estão os neurotransmissores. Esses pequenos mensageiros químicos são fundamentais para o funcionamento do nosso corpo e da nossa mente. Mas como eles realmente impactam nossa vida?

Nesse artigo vamos entender o conceito e aprender como os neurotransmissores impactam em nossa vida. Confira!

O Que São Neurotransmissores?

Neurotransmissores são substâncias que transmitem sinais entre os neurônios no cérebro e em todo o sistema nervoso. Desse modo, quando um neurônio precisa comunicar-se com outro, ele libera neurotransmissores que “viajam” até as células receptoras, onde transmitem informações específicas. Essa comunicação é essencial para todas as funções do corpo, desde o pensamento e a memória até os movimentos físicos.

Como os Neurotransmissores Funcionam?

A comunicação neural ocorre através das sinapses — os pontos de conexão entre os neurônios. Durante esse processo, um neurônio libera neurotransmissores na sinapse, que atravessam o espaço e se ligam a receptores no neurônio seguinte. No entanto, esse processo, embora pareça técnico, é o que permite que você sinta emoções, execute movimentos e até mesmo crie lembranças.

Principais Tipos de Neurotransmissores

Agora que entendemos o básico, vamos explorar os principais neurotransmissores e suas funções:

Dopamina:

A dopamina é um neurotransmissor crucial no cérebro, pertencente à família das catecolaminas. Ela atua como um mensageiro químico, facilitando a comunicação entre os neurônios e desempenhando papéis fundamentais em diversas funções do organismo.

Uma das principais funções da dopamina é sua participação no “sistema de recompensa”, que regula comportamentos relacionados ao prazer e à motivação. Assim, quando realizamos atividades prazerosas, como comer ou socializar, a dopamina é liberada, gerando sensações de bem-estar que incentivam a repetição dessas ações. Além disso, a dopamina está envolvida no controle dos movimentos, na regulação do humor e nas funções cognitivas, como memória e atenção.

A deficiência de dopamina está associada a doenças como o Parkinson, que afeta a motricidade, e distúrbios psiquiátricos, como a esquizofrenia. Portanto, manter níveis adequados de dopamina é essencial para a saúde física e mental.

Serotonina:

A serotonina, também conhecida como 5-hidroxitriptamina, é um neurotransmissor essencial que desempenha diversas funções no organismo. Produzida principalmente no trato gastrointestinal a partir do aminoácido triptofano, a serotonina é frequentemente chamada de “hormônio da felicidade” devido ao seu papel na regulação do humor.

As principais funções da serotonina incluem:

  • Regulação do humor: Ela contribui para a sensação de bem-estar e felicidade. Desse modo, níveis baixos de serotonina estão associados à depressão e à ansiedade.
  • Controle do sono: A serotonina influencia os ciclos de sono e vigília, ajudando a regular o sono profundo.
  • Apetite e digestão: Este neurotransmissor também está envolvido na regulação do apetite e na motilidade intestinal, afetando a digestão.

Além disso, a serotonina tem um papel importante na regulação da temperatura corporal e nas funções cognitivas. Portanto, manter níveis adequados de serotonina é crucial para a saúde mental e física.

Noradrenalina e Adrenalina:

A noradrenalina e a adrenalina são hormônios e neurotransmissores fundamentais do sistema nervoso simpático, ambos derivados da tirosina. Embora estejam relacionados, desempenham funções distintas no corpo.

A adrenalina, também conhecida como epinefrina, é liberada principalmente pelas glândulas suprarrenais em resposta ao estresse. Sua principal função, sobretudo, é preparar o corpo para a “resposta de luta ou fuga”, aumentando a frequência cardíaca, dilatando as vias respiratórias e mobilizando energia ao aumentar os níveis de glicose no sangue. Essas reações ajudam o organismo a lidar rapidamente com situações de perigo.

A noradrenalina, ou norepinefrina, é predominantemente um neurotransmissor no sistema nervoso central e também atua como hormônio. Sua principal função é regular a “atenção, o foco e a resposta ao estresse”, além de influenciar o humor e a vigilância. Nesse sentido, ela ajuda a manter a pressão arterial e a circulação sanguínea, contribuindo para a resposta do corpo em situações de estresse e alerta.

Glutamato:

O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais abundante no sistema nervoso central (SNC) e desempenha um papel crucial na comunicação entre os neurônios. Ele é derivado do aminoácido glutamina e está envolvido em diversas funções cerebrais, incluindo aprendizado, memória e plasticidade sináptica. Estima-se que mais da metade das sinapses no cérebro utilize glutamato para transmitir sinais, tornando-o essencial para a excitabilidade neuronal e a regulação de processos cognitivos.

A principal função do glutamato é facilitar a transmissão sináptica, promovendo a ativação de neurônios e contribuindo para o fortalecimento das conexões entre eles. Isso é fundamental para a formação de memórias e a adaptação do cérebro a novas informações. No entanto, níveis excessivos de glutamato podem ser neurotóxicos, levando a danos neuronais e contribuindo para doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e esclerose lateral amiotrófica. Portanto, o equilíbrio na liberação de glutamato é vital para a saúde cerebral.

GABA (Ácido Gama-Aminobutírico):

O ácido gama-aminobutírico, ou GABA, é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central. Ou seja, ele é crucial para a regulação da excitabilidade neuronal, atuando como um “freio” que diminui a atividade dos neurônios, promovendo um efeito calmante no cérebro. O GABA é sintetizado a partir do glutamato e sua ação é mediada por receptores específicos que, quando ativados, permitem a entrada de íons cloreto nas células neuronais, resultando em hiperpolarização e inibição da transmissão de impulsos nervosos.

A principal função do GABA é “promover relaxamento e reduzir a ansiedade”, contribuindo para a estabilidade emocional e o controle do estresse. Isso se deve porque níveis adequados de GABA são essenciais para o sono reparador e a manutenção do equilíbrio mental. Por outro lado, a deficiência desse neurotransmissor está associada a distúrbios como insônia e ansiedade, tornando-o um alvo importante para tratamentos farmacológicos e intervenções nutricionais que visam melhorar a saúde mental.

Acetilcolina:

A acetilcolina é um neurotransmissor fundamental no sistema nervoso, sendo o primeiro a ser descoberto. Produzida a partir da colina e da acetil-CoA, atua em diversas funções essenciais no corpo humano. Sua principal função é “estimular a contração muscular”, sendo crucial na junção neuromuscular, onde permite a comunicação entre os neurônios motores e as fibras musculares.

Além de sua ação nos músculos, a acetilcolina desempenha um papel importante na “regulação das funções cognitivas”, como memória e aprendizado. Assim, ela também atua no sistema nervoso autônomo, influenciando a frequência cardíaca e promovendo a vasodilatação, o que resulta em uma redução da pressão arterial. Acima de tudo, a acetilcolina é vital para o funcionamento adequado do organismo; disfunções em seu sistema podem estar relacionadas a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e miastenia gravis, evidenciando sua importância para a saúde mental e física.

Endorfinas:

A endorfina é um neurotransmissor produzido pelo sistema nervoso central, especialmente pela glândula hipófise. Conhecida como o “hormônio da felicidade”, ela desempenha um papel fundamental no alívio da dor e na promoção do bem-estar. As endorfinas são liberadas em resposta a situações de estresse, dor ou atividades prazerosas, como exercícios físicos, riso e relações sociais.

Sua principal função é “atuar como um analgésico natural”, bloqueando a percepção da dor e reduzindo a sensação de estresse e ansiedade. Isso ocorre porque as endorfinas se ligam a receptores opioides no cérebro, produzindo efeitos semelhantes aos de medicamentos como a morfina. Além disso, elas estão associadas à melhoria do humor, ao aumento da autoestima e à regulação do apetite.

A prática regular de atividades físicas é uma das maneiras mais eficazes de estimular a liberação de endorfinas, contribuindo para uma melhor saúde mental e emocional.

Ocitocina:

A ocitocina, frequentemente chamada de “hormônio do amor”, é um neurotransmissor produzido no hipotálamo e liberado pela neuro-hipófise. Este hormônio desempenha um papel crucial em várias funções sociais e emocionais, sendo fundamental para o estabelecimento de vínculos afetivos, especialmente entre mães e filhos. Por exemplo, durante o parto e a amamentação, a ocitocina promove contrações uterinas e a ejeção do leite, fortalecendo o vínculo entre mãe e bebê.

Além disso, a ocitocina está envolvida na formação de laços sociais e na promoção de sentimentos de confiança e empatia entre indivíduos. Ela é liberada durante interações físicas, como abraços e carícias, contribuindo para a sensação de bem-estar e reduzindo níveis de estresse ao diminuir a produção de cortisol.

Funções e Impactos dos Neurotransmissores

A atuação dos neurotransmissores vai muito além da transmissão de sinais. Desse modo, eles são essenciais para moldar e regular nossas emoções, nosso comportamento e até mesmo nossos padrões de pensamento. Neurotransmissores como a dopamina e a serotonina são particularmente conhecidos por seus efeitos sobre o humor, mas cada um tem um papel único e importante no funcionamento cerebral.

Distúrbios na produção e no equilíbrio dos neurotransmissores podem causar uma série de transtornos mentais. A depressão, por exemplo, é frequentemente associada a níveis baixos de serotonina. Da mesma forma, um desequilíbrio de dopamina está ligado a condições como o TDAH e o vício. Ajustar esses níveis é essencial para manter a saúde mental em dia.

Os neurotransmissores também afetam a produtividade, pois estão ligados ao foco e à concentração. A dopamina, por exemplo, é o que nos mantém motivados. Níveis ideais desse neurotransmissor são cruciais para a produtividade e a sensação de realização.

Fatores que influenciam a Produção e a Liberação de Neurotransmissores

A produção de neurotransmissores é sensível a fatores como:

  • Alimentação: Certos alimentos contêm aminoácidos essenciais para a produção de neurotransmissores.
  • Sono: A privação de sono afeta a síntese de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina.
  • Atividade Física: Exercícios liberam endorfinas e aumentam a dopamina, melhorando o humor.
  • Estresse: O estresse crônico desregula neurotransmissores, causando problemas como ansiedade.

Incorporar algumas práticas à rotina, como a ingestão de alimentos ricos em triptofano, como nozes e bananas (que são essenciais para a serotonina) e a prática de exercícios e meditação, estimulam a liberação de neurotransmissores de bem-estar.

Além disso, adotar um mindset positivo também impacta a produção de neurotransmissores. Pensamentos positivos estimulam a liberação de neurotransmissores ligados ao bem-estar, como a serotonina e a dopamina. Técnicas como a visualização positiva ajudam a manter o equilíbrio químico.

Diferença entre Neurotransmissores e Hormônios

Neurotransmissores e hormônios são ambos mensageiros químicos essenciais para a comunicação entre células e sistemas do corpo, mas diferem em suas funções, locais de ação e na forma como transmitem suas mensagens. Vamos ver as principais diferenças:

1. Local de Produção e Ação

  • Neurotransmissores: A produção dos neurotransmissores acontece principalmente no sistema nervoso central, especificamente nos neurônios, e atuam de maneira localizada. Eles transmitem informações de um neurônio para outro ou de neurônios para outras células, como musculares. Esse processo ocorre nas sinapses — o espaço entre dois neurônios ou entre um neurônio e outra célula.
  • Hormônios: As glândulas endócrinas (como hipófise, tireoide e glândulas adrenais) são responsáveis pela produção dos hormônios, liberados na corrente sanguínea. Por isso, viajam para alcançar órgãos e células distantes, regulando processos mais amplos e duradouros, como o metabolismo, o crescimento e o humor.

2. Velocidade e Tipo de Resposta

  • Neurotransmissores: Atuam de forma muito rápida, geralmente em milissegundos, e produzem respostas de curta duração. Eles são ideais para ações imediatas, como o movimento dos músculos ou a percepção de dor.
  • Hormônios: Sua ação é mais lenta, pois precisam viajar pelo sangue até seu local de ação. No entanto, o efeito hormonal costuma ser mais prolongado, regulando processos de médio e longo prazo, como o ciclo menstrual, o crescimento e o metabolismo.

3. Forma de Comunicação

  • Neurotransmissores: São usados pelo sistema nervoso para comunicação célula a célula, transmitindo mensagens curtas e diretas. Sua liberação ocorre, primordialmente, na sinapse e atinge células próximas (comunicação sináptica).
  • Hormônios: São usados pelo sistema endócrino e viajam pelo sangue, podendo alcançar qualquer célula com um receptor específico para aquele hormônio. Essa é, em outras palavras, uma comunicação mais global e difusa, regulando funções corporais amplas e integradas (comunicação endócrina).

4. Exemplos

  • Neurotransmissores: Dopamina, serotonina, GABA, acetilcolina.
  • Hormônios: Insulina, cortisol, estrogênio, testosterona.

Resumindo…

Manter os neurotransmissores em equilíbrio é fundamental para o bem-estar físico e emocional. Assim, incorporar bons hábitos, cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos são passos simples, mas poderosos, para garantir que nossos mensageiros químicos estejam sempre em harmonia.

Indicação de leitura:

Uma questão de equilíbrio: a relação entre hormônios, neurotransmissores e emoções – Sérgio Klepacz

Uma questão de equilíbrio: a relação entre hormônios,
neurotransmissores e emoções – Sérgio Klepacz

Imagem: Freepik alterado

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